Direitos humanos e o olhar das mulheres cegas no Brasil
MULHERES EM DESTAQUES.
Mulheres em Destaque
Direitos Humanos e o olhar das mulheres cegas no Brasil
O Dia Mundial dos Direitos Humanos, celebrado em 10 de dezembro, reafirma um compromisso universal: reconhecer que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. No Brasil, essa reflexão ganha ainda mais sentido quando, poucos dias depois, em 13 de dezembro, celebramos o Dia Nacional dos Cegos. Duas datas que se cruzam e se complementam, sobretudo quando olhamos para a realidade das mulheres cegas e com deficiência visual.
Falar de direitos humanos é falar de acesso, de oportunidades e de respeito às diferenças. Para as mulheres cegas, esses direitos ainda enfrentam barreiras cotidianas que vão muito além da deficiência: a exclusão social, a falta de acessibilidade, o capacitismo e a violência de gênero, muitas vezes invisibilizada, fazem parte de uma realidade pouco discutida.
No campo da educação, do trabalho, da saúde e da comunicação, a ausência de recursos acessíveis limita a autonomia e silencia vozes femininas que têm muito a dizer. O direito à informação, por exemplo, ainda não é plenamente garantido quando sites, serviços públicos e conteúdos digitais ignoram tecnologias assistivas. Sem acessibilidade, não há cidadania plena.
As mulheres cegas resistem diariamente. Organizam-se, ocupam espaços, produzem conhecimento e reivindicam políticas públicas efetivas. Elas não pedem favores, exigem direitos. O Dia Nacional dos Cegos deve ser mais do que uma data simbólica: precisa ser um chamado à responsabilidade do Estado e da sociedade para a construção de um país inclusivo, onde ninguém fique para trás.
Unir o Dia Mundial dos Direitos Humanos a essa data nacional é reafirmar que os direitos das pessoas com deficiência são direitos humanos. E que a luta das mulheres cegas é também uma luta por igualdade, dignidade e justiça social.
Que essas datas não se resumam ao calendário, mas se transformem em ações concretas. Porque quando os direitos das mulheres cegas são respeitados, toda a sociedade avança.
Mara Lilia Meneses
Assistente social, especialista em direitos humanos, ciência política e jornalismo digital.
Colunista do programa Resgatando a Cidadania.
---
Comentários (0)